Quinta das carvalhas

A Quinta das Carvalhas, uma das mais emblemáticas quintas do Alto Douro, é dotada de uma enorme beleza. A propriedade ocupa uma posição predominante na encosta da margem esquerda do rio Douro, virada ao Pinhão. Cobre toda a colina sobranceira ao rio, estendendo-se até à linha de cumeada e ocupa parte da encosta superior da margem direita do rio Torto.

As referências escritas à Quinta das Carvalhas remontam ao ano de 1759, sendo que uma boa parte dos seus vinhedos – constituídos por vinhas velhas a completar a respeitável idade de 100 anos – representa uma das mais ricas e variadas coleções de antigas castas durienses.

A origem da Quinta das Carvalhas está referenciada com a reputada família Castro e Sande de São João da Pesqueira. Nos anos que se seguem, a quinta foi detida por várias entidades, até que, em 1881, chega à mão de Miguel de Sousa Guedes, um dos mais importantes negociantes do sector do Vinho do Porto. Após um ano da sua compra, e vendo as produções de uva cada vez mais limitadas pelos estragos da filoxera, Sousa Guedes inicia um ambicioso programa de reconversão da vinha, em busca de recuperar a reputação e prestígio deste magnífico terroir.

Em 1953, Manuel da Silva Reis adquire a firma Miguel de Sousa Guedes e Irmão Lda., tornando-se proprietário da Quinta das Carvalhas, sendo nos dias de hoje uma das maiores quintas do Douro, e a mais importante do portefólio de propriedades da Real Companhia Velha.

CARACTERIZAÇÃO, LOCALIZAÇÃO E ECOLOGIA.

A Quinta das Carvalhas possui características muito próprias no que respeita às condições edafoclimáticas. As vinhas situam-se a várias altitudes – desde o rio Douro até ao topo da encosta. A exposição é variável, predominantemente para o quadrante Norte, mas tem igualmente parcelas com exposição Sul. A maior parte das vinhas estão implantadas em solos com uma forte pendente, apenas uma pequena parte, situada no topo da propriedade possui menor inclinação. O património vitícola é composto por vinhas quase centenárias onde abundam algumas castas, hoje raras, fazendo delas interessantes repositórios de variabilidade ampelográfica. As vinhas mais recentes, são plantadas em parcelas estremes com castas autóctones e são alvo de uma tecnologia vitícola exemplar.

A Quinta das Carvalhas possui enorme diversidade de situações ecológicas que fazem dela um complexo local de produção vitícola, historicamente ligado à produção de Vinho do Porto. No presente, tal aptidão mantém-se, produzindo uvas para as melhores categorias de Vinho do Porto. Para isso muito contribuem as referidas parcelas de vinhas velhas, mais a sua extraordinária diversidade de castas e o natural baixo rendimento por cepa.

A aptidão da quinta foi muito potenciada a partir dos finais da década de 90, fruto de um trabalho exaustivo de rastreabilidade de todas as parcelas de vinha, tendo sido várias parcelas destinadas à produção de vinho DOC Douro de qualidade superior.

A Quinta das Carvalhas possuiu uma frente de rio com uma extensão superior a 3 kms, situando-se na margem esquerda do rio Douro em frente à vila do Pinhão, na freguesia de Ervedosa do Douro e está estrategicamente localizada no centro geográfico da sub-região Cima Corgo.

Sendo uma das propriedades com maior visibilidade na região do Douro, a vinha ocupa, em toda a sua extensão, as vertentes de encostas, cujo relevo original possuía pendentes entre 40% e 70%, característica vincada de uma viticultura de montanha.

A área total da quinta localiza-se a altitudes compreendidas entre os 80 e os 500 metros. No que se refere à exposição, a Quinta das Carvalhas possui vinhas quer no quadrante Norte quer no quadrante Sul. Dos 135 ha de área total de vinha, possui 74,5 ha uma exposição do quadrante Norte, na direção Nordeste, e 60 ha em exposição do quadrante Sul. Esta diversidade de condições na Quinta das Carvalhas confere à sua produção uma grande originalidade e complexidade.

Clima

Valores meteorológicos registados na quinta:

• Temperatura média anual = 16,3ºC
• Temperatura média de Abril a Setembro = 22,7º C
• Precipitação anual (média dos últimos 30 anos) = 658 mm
• Somatório de temperaturas superior a 10º C de Abril a Setembro = 2.268 ºC

Solos

Os solos caracterizam-se por possuir textura média, satisfatoriamente providos de elemento fino (limo), de média/baixa fertilidade e com teores de matéria orgânica relativamente baixos (inferior a 1%) e ainda reação ácida.

Não obstante de tais carências pedológicas, a realidade é que a vinha coabita satisfatoriamente com aquelas condições, prospera bem e produz uvas de grande valia enológica.

Vinha

A singularidade da Quinta das Carvalhas resulta da conjugação das diversas ocorrências climatéricas em sintonia com outras variáveis: idade da vinha, altitude, castas, densidade de plantação, tipo de sistematização, sistema de condução, entre outras.

A propriedade desde os anos 80 do séc. XX tem vindo a proceder à reconversão das suas vinhas, sendo que, respeitando as particularidades da viticultura de montanha, acompanha as tendências e evolução tecnológica no âmbito da viticultura moderna, procedendo à instalação de vinha desde sistematizações de patamares e micro-patamares de uma linha às mais recentes plantações de alta densidade.

Área Total de Vinha:  134,5 ha


• Vinhas velhas tradicionais – 37,7 ha (complexa mistura de castas autóctones)
São vinhas que possuem entre 50 a mais de 100 anos de idade. Não há significativa predominância de uma ou outra casta, são compostas por uma mistura entre 40 a 50 castas diferentes e, por conseguinte, a diversidade é muito rica.

Constata-se em cada vinha um estilo ou um tipo de mistura característicos que terá muito a ver com os originais proprietários. Assim, a mistura poderá ser composta por um leque muito variado: Tinta da Barca,Tinta Roriz, Touriga Franca, Touriga Nacional, Tinta Amarela, Rufete, Sousão, Preto Martinho, Cornifesto, Tinto Cão, Tinta Francisca, Touriga Brasileira, Tinta Barroca, Moreto, Bastardo, Tinta Roseira, Tinta de Rei, Tinta Carvalha, Malvasia Preta, Alicante Bouschet, Mondet, Tinta Bastardinha, Donzelinho Tinto, Casculho, entre outras….


• Vinhas novas – 10 ha (mistura de castas: Touriga Franca; Tinta Roriz; Tinta Barroca)
Vinhas plantadas entre o início da década de 80 até 1996. São vinhas cuja prioridade seria melhorar o rendimento por área assim como assegurar uma qualidade focada no conhecimento das castas utilizadas para obter vinhos DOC de qualidade superior.


• Vinhas monovarietais em parcelas extremes – 86,77 ha
São vinhas plantadas após 1996/7 até a atualidade. São utilizadas técnicas vitícolas modernas com o objetivo de salvaguardar a sustentabilidade/biodiversidade do nosso ecossistema assim como a recuperação de todo o património vitícola (castas) da região. Estas vinhas representam a forma mais prática de perceber a qualidade intrínseca que o vale do Douro possui combinando de uma forma perfeita os três pilares que sustentam a nossa qualidade: lugar (clima, solo e topografia); técnicas vitícolas/enológicas & casta.


Área de vinha por castas (excl. vinhas velhas) (B: Branco | T: Tinto | ha: área em hectares)
• Touriga Nacional (T) 25,2 ha
• Sousão (T) 13,8 ha
• Touriga Franca (T) 16,5 ha
• Tinto Cão (T) 7 ha
• Tinta Barroca (T) 6,97 ha
• Tinta Roriz (T) 2,5 ha
• Rufete (T) 2,2 ha
• Tinta Francisca (T) 2,1 ha
• Bastardo (T) 0,7 ha
• Viosinho (B) 3,1 ha
• Gouveio (B) 0,8 ha
• Baga (T) 1,4 ha
• Arinto (B) 1,6 ha
• Samarrinho (B) 2,1 ha
• Tinta da Barca (T) 0,3 ha
• Malvasia Preta (T) 0,25 ha
• Cornifesto (T) 0,25 ha

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