Situada em São João da Pesqueira, uma das mais conhecidas zonas de produção de vinhos do Douro, a Quinta de Cidrô transformou-se num modelo de experimentação vitivinícola para toda a região. Numa terra virgem foi usada tecnologia de ponta para plantar as melhores castas, ao longo de uma área que excede os 150 ha.
Neste local privilegiado, algumas castas internacionais convivem amenamente com as castas da região. Chardonnay, Sauvignon Blanc, Viognier, Pinot Noir e a nobre adaptável Cabernet Sauvignon são algumas das variedades internacionais que manifestam aqui as suas melhores características, quando combinadas com a enorme capacidade enológica disponibilizada pela Real Companhia Velha.
De acordo com as informações históricas recolhidas, as primeiras vinhas da Quinta de Cidrô foram instaladas em finais de século XIX, altura da construção do seu imponente Palácio, por iniciativa do proprietário, o Marquês de Soveral.
A Quinta continuou mais tarde a pertencer à família Soveral, da qual fazia parte Luís de Soveral, Embaixador de Portugal na corte de St. James e amigo pessoal do Rei Eduardo VII de Inglaterra, até ter passado para a posse do Visconde de Asseca.
A Real Companhia Velha comprou esta magnífica quinta em 1972 e, desde então, tem conduzido um vasto programa de reconversão, incluindo o interior da casa e os próprios vinhedos, através de novas técnicas de plantação de vinha ao alto, aplicadas em grande escala.
Na altura da aquisição, a propriedade possuía cerca de 60 ha de vinha e partir de então, a RCV empreendeu um ambicioso projecto de desenvolvimento da quinta direccionado em três vertentes: alargamento do património fundiário pela compra de parcelas limítrofes; plantações de vinhas novas para alargamento da superfície vitícola e a recuperação interior e exterior do palácio.
Em face da disposição das novas plantações e da excelente qualidade das uvas produzidas, a Quinta de Cidrô é considerada uma “quinta modelo” no Douro Vinhateiro e constitui-se como uma das maiores “manchas” contínuas de vinha da região.
A Quinta de Cidrô é uma propriedade verdadeiramente singular, cujas mais-valias preponderantes, se devem à excelência do potencial vitícola do seu “terroir” atribuído com Benefício (Letra C), demonstrado na qualidade dos vinhos brancos e tintos das denominações de origem Porto e Douro que aqui vêm sendo produzidos, ao longo de dois séculos.
Devido à sua elevada altitude e clima ameno, a Quinta de Cidrô tem demonstrado enorme aptidão para a produção de brancos de grande qualidade, tornando-se num dos campos experimentais da Companhia para a castas brancas indígenas e internacionais, como também castas de uva tinta de perfil mais elegante.
À magnífica paisagem que oferece, nas suas onduladas encostas, é totalmente povoadas de belas vinhas, plantadas segundo a direcção do maior declive, numa mancha contínua de quase 140 ha. Na Quinta, a vindima decorre de forma manual com uma equipa dedicada inteiramente aos trabalhos diários, de onde surgem alguns dos mais antigos colaboradores da Companhia.
Enquadrando–se na fronteira do Cima Corgo com o Douro Superior, num dos mais belos e impressionantes trechos da paisagem Duriense, sobressaem vistas sobre a icónica ermida de S. Salvador do Mundo, o Rio Douro, a albufeira da barragem da Valeira e as agrestes – mas majestosas – serranias de fragas de xisto.
Como um pouco por toda a Região Duriense, a Quinta beneficia dum clima com duas estações bem diferenciadas, porém com temperaturas bem mais amenas que as verificadas nas Quintas dos Aciprestes ou das Carvalhas. O clima da Quinta de Cidrô apresenta, em razão da altitude, moderado índice de aridez, e temperaturas estivais diárias, raramente acima de 32 ºC. O deficit de água no Verão é, no entanto, elevado.
Valores meteorológicos registados na quinta:
• Temperatura média anual = 13,8 ºC
• Temperatura média (Abril a Setembro) = 18,1 ºC
• Precipitação anual (média 30 anos) = 700 mm
• Somatório de temperaturas superiores a 10ºC (Abril a Setembro) = 1.523 ºC
Tipificam o que é corrente na Região Demarcada do Douro, são terrenos de xisto com textura grosseira, bastante cascalhentos, carentes de elementos finos, de muito baixa fertilidade, com teores de matéria orgânica muito baixos, ácidos ou muito ácidos, pH <6, deficiente estrutura e têm sido, na grande maior parte dos casos, “fabricados” para a cultura da vinha. Todavia, a regularização de terras prévia ao trabalho de surriba é, no caso desta Quinta, de menor dificuldade quando comparada, por exemplo, com a Quinta dos Aciprestes.
Área Total de Vinha: 140 Hectares
Na Quinta de Cidrô, as vinhas são plantadas ao alto, segundo as áreas de maior declive. Em 1993 iniciou-se uma reconversão das vinhas velhas, as quais não rendiam boa qualidade, para iniciar o que viria a ser chamado o projecto “Fine Wine Division” da Real Companhia Velha. Nesse ano plantaram-se castas como Chardonnay, Sauvignon Blanc, Cabernet Sauvignon e Semillon (Boal do Douro). Após 1996, seguiram-se novas plantações segundo novas técnicas e procedimentos culturais, definidos agora pela Equipe Técnica de Viticultura no âmbito do projecto.
As parcelas passaram a ser extremes por variedade, utilizaram-se maiores densidades de plantação e as castas mais nobres provenientes de selecção policlonal, adoptaram-se paliçadas mais altas, sistemas de rega gota-a-gota e foram enrelvadas com uma mistura de espécies pratenses à base de gramíneas e leguminosas dotadas de boa capacidade de ressementeira. Estas parcelas produzem hoje em dia matéria-prima que está na origem de autênticos casos de sucesso comercial sob a marca “Quinta de Cidrô” – Chardonnay, Sauvignon, Alvarinho, Gewurzstraminer, Pinot Noir, Touriga – que trouxeram um novo élan aos vinhos produzidos na região.
Área de vinha por castas (excl. Vinhas Velhas) (B= Branco | T= Tinto)
• Touriga Nacional (T) 23,53 ha
• Sauvignon Blanc (B) 18,71 ha
• Chardonnay (B) 23,99 ha
• Alvarinho (B) 12,54 ha
• Alicante Bouschet (T) 6,45 ha
• Cabernet Sauvignon (T) 6,43 ha
• Sémillon ou Boal (B) 5,33 ha
• Viosinho (B) 4,29 ha
• Pinot Noir (T) 2,67 ha
• Verdelho (B) 2,13 ha
• Cercial (B) 2,03 ha
• Riesling (B) 1,3 ha
• Moscatel Roxo (B) 1,28 ha
• Viognier (B) 1,27 ha
• Fernão Pires (B) 1,14 ha
• Gewürztraminer (B) 5,77 ha
• Rabigato (B) 1,49 ha
• Arinto (B) 2,0 ha
• Nebbiolo (T) 1,0 ha
• Códega do Larinho (B) 0,99 ha
• Samarrinho (B) 0,99 ha
• Vinhas Velhas: 8 ha
O encepamento é composto por mistura de castas tintas – sobretudo Tinta Barroca, Touriga Franca e Tinta Roriz – e castas brancas da região: Malvasia Fina, Moscatel Galego, Síria, entre outras.